Chorando o Leco derramado


Uma semana marcante. De cutucões e previsões furadas, principalmente pelo lado tricolor; excesso de confiança evidente numa classificação para a final do Paulistão (que enfim deixou de ser apenas um 'Paulistinha', diga-se de passagem).
Sim, estamos falando do técnico Muricy Ramalho e do vice-presidente de futebol, Carlos Augusto Barros e Silva, o Leco. Com o mesmo apelido de uma marca de leite, ativa até hoje.

O primeiro acreditou muito na vantagem de decidir as semifinais em casa, afirmando que daria Palmeiras e São Paulo na final. Não deu.
Foram destroçados na bola por Santos e Corinthians, respectivamente.

Após o 'Majestoso' de volta deste domingo, um breve comentário de Mano Menezes a respeito de Muricy:

"Não gosto muito de fazer previsões porque na última, o meu amigo Muricy rachou a bola de cristal ontem e quebrou hoje. Não gosto de usar declarações de outros para mexer com o brio dos jogadores, mas hoje em dia você lê e vê tudo."

E a previsão do técnico ranzinza durou apenas 56 minutos, intervalo que envolve o primeiro tempo de jogo e os dez minutos do segundo tempo.
O que se via até então era um jogo totalmente aberto, com ambos os times escalados ofensivamente no 4-3-3, e com ligeira vantagem do São Paulo. Até por jogar em casa e assustar nos longos lançamentos nas costas da defesa alvinegra, buscando Borges ou Washington na área.

Tal estratégia foi pro espaço no fim desse intervalo; Douglas puxa contra-ataque do campo de defesa e toca para Ronaldo na esquerda. O atacante faz perfeita inversão da jogada para Jorge Henrique, que entra na área e acerta a trave.
Mas a bola sobra para o mesmo Douglas, na pequena área, completar para o gol. Era o início de uma festa no Morumbi.

Dois minutos depois, o golpe fatal: Dentinho rouba bola no campo de defesa e passa para Cristian. O volante - que já desequilibrara a favor no primeiro jogo - faz belo lançamento para Ronaldo ganhar na corrida e tocar na saída de Bosco. Um gol como nos bons tempos de Barcelona, quando dava suas arrancadas.

E onde Leco entra nessa história ?

Simples dizer; é o mesmo que ironizou Ronaldo, chamando-o de 'ex-jogador', devido
à entrada violenta do atacante em André Dias no primeiro jogo das semifinais, domingo passado.
A resposta veio com irreverência, em gesto semelhante ao de Cristian (como se vê na foto).
Só que com os dedos indicadores, é claro.

Um nocaute no time tricolor, que praticamente se entregou em campo e deu várias chances de gol ao Corinthians. Se não fosse uma pontinha de salto alto após abrir vantagem, absoluta certeza de que veríamos uma goleada alvinegra no Morumbi.

Fim de jogo. E daí se tira duas lições:
A primeira é de que "com fera não se mexe", como dissera Mano Menezes, após saber do infeliz comentário do dirigente.
A segunda é de que excesso de confiança e desrespeito com o time adversário não combinam em hipótese alguma.

Pelos lados do Parque São Jorge, teremos festa e desabafo após uma longa semana. E preparação para a final de um Paulistão digno de tal apelido.

Dos lados do Jardim Leonor, bem... a sigla SPFC no Morumbi vai se confirmando cada vez mais como 'Salão Para Festas Corinthianas', querendo ou não.
Se quiserem ganhar uma decisão contra o Corinthians, terão que suar sangue. Pois se for somente o simples suor, o lado alvinegro predominará sempre.

Não adianta chorar o leite derramado. Depois é preciso limpar o fogão.
Aí fica a dica.


Reinaldo Vieira
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Uma fase a moda inglesa, parte 2

A terra da Rainha está em festa, e não é de hoje; mais uma vez vemos a fase semifinal da Champions League com três dos quatro grandes ingleses (Liverpool, Chelsea, Arsenal e Manchester).
Com exceção do Liverpool, os demais clubes garantiram vaga na próxima fase e continuam a hegemonia inglesa no torneio.

Da edição de 2006/07 pra cá, esse quadro se manteve firme. Vale a pena relembrar que em 2006/07 deu Milan (ITA), Manchester United, Chelsea e Liverpool.
Em 2007/08, deu Barcelona (ESP), Manchester United, Chelsea e Liverpool.
E na atual edição, temos Barcelona, Manchester United, Chelsea e Arsenal.

As semifinais já foram definidas e estão marcadas para os dias 28 e 29 de Abril, com jogos de volta nos dias 5 e 6 de Maio.

Na primeira semifinal, Barcelona x Chelsea, com o primeiro jogo sendo realizado no estádio Camp Nou.
O time catalão ao meu ver, apresenta o melhor futebol do momento e possui um ataque avassalador com Henry, Eto'o, e principalmente Messi. Joga um futebol extremamente ofensivo e vem liderando com certa folga no Campeonato Espanhol.
Mas os 'Blues' da Inglaterra estão dispostos a ganhar a primeira Champions League de sua história, e calar todos que duvidaram de seu talento e futebol no comando de Felipão, que mais tarde foi substituído pelo holandês Guus Hiddink (semifinalista da Eurocopa 2008 com a Rússia). E vale lembrar muito do empate em 4 a 4 com o Liverpool, num dos jogos mais épicos e dramáticos da história deste torneio europeu.
Pois é, agora vai ser uma 'briga de cachorro grande'...

A outra semifinal é entre Manchester x Arsenal, com o primeiro jogo no estádio Old Trafford.
O atual campeão continua com o mesmo time e ataque respeitoso, apesar de ter passado certo sufoco no último jogo contra o Porto; empate em casa e uma eliminação começava a se desenhar, caso não fosse um lampejo (e um chutaço!) de Cristiano Ronaldo, garantindo a vaga, mesmo fora de casa. Festa dos 'Red Devils'.
E do lado dos 'Gunners', um time jovem, mas consistente em seu esquema. É verdade que o time não vem fazendo um grande Campeonato Inglês e tem um time menos forte em relação a 2005/06 (quando inclusive chegou a final contra o Barcelona), mas vale lembrar também os destaques do time londrino, que são o meia Fabregas, além dos atacantes Van Persie e Adebayor, em boa fase.
Um duelo bem equilibrado no momento mediano dos times. Sem apostas.

Descanso por duas semanas, e os jogos continuam. A final está quase lá.

Quem tem bola vai a Roma.


Reinaldo Vieira
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Jesus Cristian salva!


Suado, sofrido. Um jogo com a cara da Fiel.
E com um roteiro digno do recente longa-metragem, que estreou nos cinemas na última sexta, movendo todos os corinthianos pelo Brasil e pelo mundo afora.

O primeiro passo para a grande final já foi dado ontem, no Pacaembu, e desta vez o alvinegro de Parque São Jorge saiu na frente; a vitória por 2 a 1 sobre o São Paulo é de suma importância, já que o adversário tinha a vantagem de jogar por dois empates, devido a melhor campanha na primeira fase do Paulistão.
Agora é aguardar o jogo de volta no Morumbi, que acontece no próximo domingo, dia 19.

Indo ao que interessa, falemos de um jogo aberto desde o início.
Do lado de Mano Menezes, que surpreendeu e escalou um Corinthians no 4-3-3, com Jorge Henrique, Dentinho e Ronaldo no ataque. Ofensividade total, enfim uma ousadia do técnico nesse momento, disposto a vencer.
E do lado de Muricy Ramalho também, escalando o São Paulo dos últimos quatro anos, no velho 3-5-2. A idéia era a de segurar ao máximo o time da casa, e apostar nas jogadas de bola parada com Jorge Wagner, ou em um bom contra-ataque puxado para Washington ou Borges.

Idéias vistas claramente nos primeiros vinte minutos, e aliadas ao ânimo acirrado dos jogadores.
O pisão de Ronaldo em André Dias logo aos 6 minutos deixa claro isso; um lance duvidoso para o árbitro Sálvio Spínola.
Seria caso para expulsão? Talvez. Mas pelo nome e o histórico quase exemplar dentro de campo pesam mais nessa hora. Ponto.

Aos 25 minutos, veio tudo que o São Paulo queria: uma bola parada, ponto forte do time tricolor e tensão para alguns corintianos (especialmente para os corneteiros do goleiro Felipe).
Jorge Wagner joga na área, e o zagueiro Miranda cabeceou para o gol. O Corinthians reclama que o mesmo teria empurrado Chicão antes do lance, cometendo falta. Mas não adiantou, e bola pra frente que ainda tem jogo.

Três minutos depois, a resposta; Jorge Henrique na ponta direita, toca para Elias. O volante com pinta de meia - ou o inverso, caso queira dizer - arrancou, passou por dois zagueiros e cutucou de pé esquerdo para o gol de Rogério Ceni, que sequer se mexeu.
Festa dos corintianos no estádio, que ainda levaram susto em mais dois lances, com Borges (que perdeu um gol cara a cara com Felipe) e Miranda (após cobrança de escanteio, em cabeçada que Elias salvou em cima da linha). Abre o olho, Timão!

O segundo tempo começou mal, mas ficou ainda pior para o São Paulo com a expulsão do zagueiro André Dias, depois de falta em Elias que lhe rendeu o segundo amarelo. Muricy colocou Renato Silva, para reforçar a zaga, e se preparar para uma pressão corintiana que estava por vir.

Não deu outra; um Corinthians quase todo no campo de ataque, com Jorge Henrique e Dentinho finalmente avançando como pontas, Elias ajudando na armação de jogadas, e assim foram criadas mais chances de gol.
Destaque para um chute de Douglas, em que Rogério quase engoliu um frangaço - lance muito semelhante ao do italiano Pagliuca, na final da Copa de 94 -, e em um chutaço de Elias que o arqueiro defendeu a queima-roupa. Que tensão!

Mas aos 47 minutos e quarenta segundos - sim, vale a pena lembrar do tempo! -, Cristian desarma Jorge Wagner no campo de ataque, corre e manda uma bomba de longe, no cantinho de Rogério.
Gol que dispensa comentários; a Fiel explode de alegria no Pacaembu, junto com o volante, que ainda cruza os braços em alusão a Independente (torcida organizada do São Paulo) e manda um gesto obsceno para a mesma. É só ver na foto acima.

"É festa, é festa na favela!", era o que cantava os corintianos. Gol e vitória emocionantes, e semelhantes a semifinal do Paulistão 2001, contra o Santos. Quem viu o gol de Ricardinho a dez segundos do fim sabe do que se trata.
A diferença é que esse era o jogo de volta, carimbando a vaga para a final. Essa história toda culminou com o título paulista, como todos sabem.

A história tem tudo para se repetir, pois raça e superação não falta a esse time. Deixá-lo crescer em retas decisivas é como dar a arma ao bandido.

Vai Corinthians, não pára de lutar!
Saravá São Jorge, ele vai te ajudar!


Reinaldo Vieira
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(Planejamento + espírito de disputa) + sorte = títulos

A equação citada no título acima envolve as palavras mais faladas no atual mundo futebolístico, sempre em prol do resultado certo. Nunca o planejamento de um clube, o espírito de disputa num torneio e, até mesmo a sorte (por que não?) se completaram tanto.

Como em toda equação na matemática, existem as incógnitas (x, y, z ou afins). Pode sempre haver mais de uma, mas neste caso não; a incógnita mesmo é a variável sorte, que não se mede e nem se explica. Ponto.
O espírito de disputa envolve-se principalmente em competições cobiçadas e de longo prazo, como o Brasileirão das séries A e B, a Libertadores da América e a Liga dos Campeões da Europa - estas duas últimas que por sinal, são muito semelhantes -, são alguns exemplos pelo mundo afora.
E aliado a um bom planejamento, forma a combinação perfeita.

Pegue equipes campeãs recentemente, como o Corinthians na Série B de 2008 e o Boca Juniors na Libertadores de 2007, por exemplo.
O primeiro - habituado ao futebol "mauricinho" da Série A, de pouca correria e toques de bola refinados e envolventes - aderiu rápido a forma de disputa do torneio, com muita correria, raça, e entendendo cada jogo como uma verdadeira batalha. Sem contar no conhecido planejamento que antecede esse torneio: reformulação quase total no elenco, com a chegada de jogadores que podem até ser pouco técnicos, mas totalmente comprometidos em ajudar o clube na volta para a elite.
E se algum grande achar que pode jogar a Série B sem tal espírito mencionado, vai se dar mal.

Já o segundo sabe jogar o maior torneio sul-americano como poucos; é "malandro" dentro de campo, faz valer seus jogos em casa (raramente empata ou perde na Bombonera), além de ter a raça e a disposição características do argentino. É isso que o faz ser uma equipe tão tradicional e copeira nesse torneio.
Do tipo que se fala "olha, esse time é a cara da Libertadores". Esse tipo de comentário vale para alguns jogadores também, independente do torneio.

Veja se a equação não faz sentido, depois de tudo isso. E em ambos os casos, lembre que a sorte valeu menos. O que substituiu foi a competência.
Talvez devesse mencioná-la logo no início também... mas por essa prova toda, fico devendo.

Nota 9 em uma prova que seus conceitos gerais valem 10.
Que isso sirva de exemplo, como se fosse pra deixar o pai orgulhoso do filho.

Sim torcedor, entenda-se neste caso como o "pai". E cobre os conceitos de seu "filho", pois esta longa temporada está só começando.


Reinaldo Vieira
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Proibido a entrada de menores

Deu a lógica, como a maioria das pessoas haviam previsto.
Após quase uma década os quatro 'chefões' (Palmeiras, São Paulo, Corinthians e Santos) se mantiveram no G4 nesta primeira fase do Paulistão, sem maiores problemas; é evidente como a força do interior diminuiu nesse ano.
Não houve mais um São Caetano, Ponte Preta ou qualquer outro pequeno (com todo o respeito) que pudesse surpreender.

É ótimo poder ver os grandes num bom momento. Isso torna os clássicos mais emocionantes e os resultados mais justos, como já disse minha amiga e blogueira Tatiane Araújo, certa vez.
Mas vale a pena ressaltar algumas coisas de momento, antes das semifinais; o método de disputa é o mesmo dos dois ultimos anos: o 1º colocado enfrenta o , enquanto que o por sua vez, pega o colocado.
Em caso de igualdade nos resultados, passa aquele que teve a melhor campanha na primeira fase.

Seguindo a ordem respectiva, Palmeiras e Santos farão a primeira semifinal na Vila Belmiro neste sábado, dia 11 de Abril. O jogo de volta está marcado para o sábado seguinte, dia 18.
De um lado, um Palmeiras ainda indefinido, por estar no momento com a cabeça voltada para o jogo desta quarta-feira contra o Sport, válido pela Taça Libertadores; o alviverde ainda não pontuou na fase de grupos, e estará eliminado se perder mais este jogo. Preocupante.
Enquanto que o Santos vem com um moral extremamente alto por ter se classificado nos últimos minutos de jogo contra a Ponte Preta, com três gols salvadores do artilheiro Kleber Pereira; gols que vieram na hora certa, e mesmo não estando numa boa fase nos últimos jogos, o time jogou bem e deixou de depender tanto do camisa 9. E mais ainda, descobriu o jovem atacante Neymar; 17 anos, vem sendo "lapidado" desde os 13 anos na base santista e atualmente é apontado como o sucessor de Robinho, o último grande talento revelado na Vila.

A outra semifinal é entre São Paulo e Corinthians neste domingo de páscoa, dia 12. Com o primeiro jogo no Pacaembu. E o jogo de volta marcado para o domingo seguinte, dia 19, no Morumbi.
De um lado, um São Paulo que, ao contrário do Palmeiras, está praticamente classificado para o mata-mata da Libertadores e deve vir com força máxima nos dois jogos. Além disso, o time finalmente achou um equilíbrio tático e tem um quarteto de respeito, formado pelos meias Hernanes e Jorge Wagner, além dos atacantes Borges e Washington; quase 95% dos gols do time tiveram a participação de pelo menos um deles. É bom ficar de olho.
E do outro lado, um Corinthians que ultimamente tem ficado muito na dependência do atacante Ronaldo e seus gols, devido a escassez de bons centroavantes no elenco, isso não é um absurdo. Mas é sempre bom ressaltar a base que foi mantida, a forte defesa (que atualmente é a melhor do Paulistão, com 15 gols sofridos em 19 jogos), e a força do time em decisões, ainda mais contra o Tricolor; dos últimos 16 'Majestosos' em mata-matas, o Timão saiu vitorioso em 10 deles.
É mais uma decisão que vai pegar fogo, sem dúvidas.

Os vencedores farão a grande final nos dias 26 de Abril e 3 de Maio. Mais emoções estão por vir, no estadual mais disputado do Brasil.
Seria o mico do verão, se os quatro grandes ficassem fora de uma decisão.

O salão de festas já está reservado. E mais do que nunca, menores desta vez não entram.


Reinaldo Vieira
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